Responsável pelo vazamento de informações confidenciais que
desmascararam o maior sistema de vigilância global já existente, Edward
Snowden deu sua opinião sobre o aplicativo Google Allo e ela não é nada
boa. Pelo Twitter, o ex-analista da NSA brincou: “Grátis para download
hoje: Google Mail, Google Maps e Google Vigilância (Surveillance). Esse é
o #Allo. Não usem o Allo”.
Nos testes
, concluímos que
usar o Allo é como ter o Google em todas as suas conversas. Isso
até pode ser útil se pensarmos que a ferramenta pode ajudar a encontrar
imagens, vídeos e informações na web diretamente pela plataforma de
chat. Contudo, há sempre o outro lado da moeda.
E é esse o lado que Edward Snowden mostra preocupação. Isso por que
as revelações que fez em 2013 revelavam que o Google, como outras
gigantes de tecnologia, entre elas Microsoft e Facebook, contribuíram
com os órgãos de vigilância ao ceder dados pessoais dos usuários e
mensagens trocadas em seus serviços. Com o Allo, o delator não acredita
que a prática será diferente.
Em sua defesa, o Google havia afirmado em uma conferência no mês de
maio que o serviço iria utilizar a criptografia end-to-end. Isso é, as
mensagens seriam criptografadas no momento em que são enviadas e só
seriam descriptografadas quando chegam ao destino. O método inviabiliza a
quebra do sigilo das conversações enquanto os dados estão em
"trânsito".
A companhia também afirmou que não armazenaria os registros de
conversações da plataforma para que não fosse obrigada pelos órgãos
legais a ceder os registros.
Essa seria a mesma estratégia que o Facebook usa para o WhatsApp e
que gerou toda a polêmica dos últimos bloqueios do app aqui no Brasil.
Para quem não está por dentro, os bloqueios só foram solicitados pois a
empresa se recursou em atender os pedidos da justiça brasileira que
envolviam a quebra da criptografia das mensagens trocadas entre os
usuários.
Seria. Não é.
De acordo com o
The Verge,
Google recuou meses depois e o Allo chegou ao mercado possibilitando
que a desenvolvedora tenha acesso ao conteúdo das mensagens trocadas no
serviço. Em teoria, apenas utilizando o "modo Anônimo" é que o usuário
conseguiria impedir que as mensagens fossem armazenadas em servidores do
Google.
A justificativa oficial é plausível do ponto de vista técnico. Sem
que o Google tenha acesso as mensagens trocadas, a assistente virtual
presente nas conversas se torna inútil uma vez que não consegue captar
nenhum dado para fazer pesquisas e entregar os resultados diretamente
nas conversas. Sem esse diferencial, o aplicativo se torna somente mais
um mensageiro comum.
Por consequência, a tática da empresa norte-americana pode ter relação com as polêmicas causadas pela
briga entre a Apple e o FBI no caso do iPhone de San Bernardino
e também nos bloqueios do WhatsApp aqui no Brasil. Para evitar esse
tipo de exposição e brigas judiciais, a empresa abre mão do sigilo das
conversas. E é este o ponto que interessa para a NSA e que preocupa
Snowden.