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Os primeiros encontros para debater a construção de uma
ferrovia em plena floresta Amazônica aconteceram por volta de 1868. Mas
foi somente depois de firmado um tratado entre Brasil e Bolívia, em 15
de maio de 1882, que foram abertas as primeiras picadas no meio da
selva; para colocação dos trilhos da ferrovia Madeira-Mamoré.
Os
inúmeros perigos da floresta e a dificuldade em levar máquinas e
matéria-prima para o coração da Amazônia transformaram a construção em
um berçário macabro de lendas.
O começo da primavera de
1873, trazia para a região a beleza e o perfume de suas primeiras
flores. Mas também enfeitavam as despedidas e a saudades de centenas de
famílias que choravam seus mortos.
Uma parte expressiva
dos mais de 20 mil trabalhadores, de cerca de 50 nacionalidades
diferentes foram vítimas de doenças tropicais. E não foi por acaso que
os 366 quilômetros de trilhos – que ligariam Porto Velho a Guajará-Mirim
–, ficariam conhecidos como a “Ferrovia da Morte”.
Logo ganhou força o mito de que nada, nem ninguém, conseguiria terminar a ferrovia, mesmo com todo o dinheiro do mundo.
Nesta
época, o “Diário do Grão Pará”, em Belém, fortalecia o discurso popular
de que os que se atrevessem a subir o Madeira voltariam "flagelados
pela peste".
Para contornar o problema, o sanitarista
Oswaldo Cruz foi contratado para visitar o canteiro de obras e levar o
saneamento básico para a região. Ainda assim, os homens desertavam aos
borbotões.
O mito virou fato e verdade, por anos. E
toneladas de equipamentos e materiais foram destruídos pela ação do
tempo. Mas o governo brasileiro queria que o projeto fosse finalizado,
para poder transportar o valorizadíssimo ouro branco – o látex extraído
dos nossos seringais.
Durante 40 anos, as obras
começaram e foram interrompidas por três vezes. A estrada só foi
finalizada pelo grupo do empresário norte-americano Percival Faquhar. A
ferrovia foi oficialmente inaugurada em 1º de agosto de 1912.
Em
2005, o Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional –,
tombou parcialmente a Ferrovia Madeira-Mamoré. A estrada de ferro, as
locomotivas e os galpões onde funcionavam o museu e a antiga oficina da
ferrovia estão sendo revitalizados pelos governos federal e municipal.
Até hoje, há lendas que dizem que os fantasmas dos trabalhadores mortos podem ser vistos sentados nos trilhos.
Fonte: Agência Nacional