Há alguns anos se discute a adoção do eSIM, uma tecnologia que
poderia tornar o chip de celular em coisa do passado. Com especificações
reveladas desde 2013, até hoje não houve muitas tentativas de
transformar a proposta em realidade, com a tecnologia mais próxima sendo
o Apple SIM, disponibilizado com alguns modelos de iPad da empresa.
Para quem não sabe, a ideia do eSIM, cuja tradução da sigla
significa “SIM incorporado”. O que a tecnologia propõe é substituir o
chip tradicional de celular, que deixaria de ser removível. Isso não
significa, no entanto, que você ficaria preso para sempre com uma única
operadora. A proposta é que o eSIM permita alternar entre operadoras sem
precisar trocar de chip, realizando o procedimento apenas virtualmente.
O objetivo é, entre outras coisas, eliminar a necessidade da infame
chavinha para abrir a gaveta do SIM.
Mais do que isso, o eSIM pode eliminar uma chateação que todo
mundo que já viajou para o exterior conhece, que é a corrida para
encontrar um chip de uma operadora local ao chegar ao seu destino. O SIM
virtual permite simplesmente adquirir um pacote de alguma empresa sem
precisar ir até a loja mais próxima.
E, após vários anos de estagnação, o cenário começa a mudar. Se a
Computex nos ensinou alguma coisa, é que as parcerias para tirar o eSIM
do papel estão começando a acontecer. Microsoft, Intel e Qualcomm, por
exemplo, já estão viabilizando uma nova geração de laptops feitos para
serem extremamente leves, portáteis e, principalmente, sempre conectados
graças à presença de um chip celular, proporcionando acesso a redes de
internet móvel 4G.
Em dispositivos com tecnologia Intel, o eSIM já será suportado
nos modems XXMTM 7260 e o XMM 7360. Enquanto isso, a Qualcomm já oferece
esta possibilidade em dispositivos com o chipset Snapdragon 835. No
entanto, isso não significa que só os aparelhos equipados com o suporte
ao eSIM poderão tirar vantagens do recurso, uma vez que bastaria abrir a
gavetinha de um dispositivo qualquer e inserir um adaptador no lugar do
chip tradicional.
Para isso, no entanto, são necessárias algumas mudanças em como
as coisas funcionam atualmente. As operadoras precisam dar suporte à
tecnologia, e a Microsoft diz que já há 20 empresas no mundo inteiro
prontas para abraçar o eSIM. Além disso, no caso dos PCs, a empresa
também promete uma interface especial no Windows 10 para facilitar a
seleção entre diferentes pacotes.
A adoção do eSIM também abre a possibilidade para a criação de
dispositivos móveis menores e mais finos. Em laptops ou celulares, isso
pode não fazer muita diferença, já que a gaveta para chips não ocupa
tanto espaço assim. No entanto, isso pode revolucionar os relógios
conectados, que acabam ficando excessivamente grandes quando oferecem
suporte a conectividade celular, como é o caso de dois modelos da
Samsung, já compatíveis com a tecnologia. Com o advento da internet das
coisas e uma nova geração de objetos online, a tendência é que a adoção
do eSIM comece a crescer em ritmo acelerado.
Como estamos no Brasil, existe um outro fator a ser levado em
consideração. Por aqui, é extremamente comum usarmos o sistema de dois
chips, o dual-SIM. Existe a chance que o eSIM venha a matar a
possibilidade, mas se realmente houver demanda para manter o suporte a
duas operadoras no mesmo celular, não há por que pensar que a indústria
não se movimentaria para proporcionar o uso de duas redes, mesmo com
chips virtuais.
Do Olhar Digital