Segundo Dossiê Pessoa Idosa 2019, dez idosos foram agredidos por dia no estado
No dia do idoso um levantamento traz um resultado desastroso contra a qualidade de vida desta população no país. Os dados apresentam informações sobre os crimes mais comuns ou de maior repercussão praticados contra os idosos: lesão corporal dolosa, ameaça, maus tratos, estelionato, extorsão e homicídio doloso, além de crimes tipificados no Estatuto do Idoso e as mortes sem assistência médica.
As informações foi divulgada pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), neste 1º de outubro, na quarta edição do Dossiê Pessoa Idosa.
Crimes acontecem em ambiente familiar
O Dossiê Pessoa Idosa mostrou que, em 2018, foram registradas 4.508 vítimas idosas de ameaça – uma a cada duas horas. 65,9% das ameaças contra vítimas idosas ocorreram dentro de uma residência e 52,8% dos autores eram do convívio das vítimas (filhos, parentes, amigos, vizinhos, companheiros, ex-companheiros, etc). Quanto ao perfil das vítimas, mais da metade era do sexo feminino (55,4%), tinha entre 60 e 69 anos (72,2%) e era da cor branca (59,2%). É possível verificar também que 29,8% das vítimas possuíam baixo nível de escolaridade (não concluíram o ensino fundamental).
Ao analisar as lesões corporais dolosas, o Dossiê mostra que no estado do Rio de Janeiro 3.472 idosos foram agredidos em 2018 (cerca de dez por dia). 61,3% das agressões ocorreram dentro de uma residência e 54,4% dos autores eram do convívio das vítimas. A maioria das vítimas (72,0%) tinha entre 60 e 69 anos, 51,2% eram mulheres e 58,6% da cor branca. 58,6% das vítimas de lesão corporal dolosa não concluíram o ensino fundamental.
Extorsão e estelionato
De acordo com o estudo, os idosos representam 28,3% das vítimas de extorsão e 28,4% de estelionato. Em 2018, 9.881 idosos foram vítimas de estelionato no estado, cerca 27 por dia. Das vítimas idosas de estelionato, 53,7% possuíam entre 60 e 69 anos, 57,3% eram mulheres e 66,8% da cor branca. Quando é analisado o local da ocorrência dos estelionatos, é possível observar que mais de 1/3 das ocorrências (34,2%) tiveram os estabelecimentos financeiros como local do fato.
Quanto às extorsões, foram 452 vítimas idosas desses crime: 64,8% eram mulheres, 68,0% da cor branca e 51,5% tinham entre 60 e 69 anos. Porém, é importante ressaltar que 12,4% das vítimas idosas de extorsão possuíam mais de 80 anos.
Outros olhares
Na seção “Outros olhares” do Dossiê Pessoa Idosa 2019, o artigo de Michele Souza (Fundação Oswaldo Cruz) destaca os avanços no que se refere ao marco normativo e legal de proteção aos idosos, com destaque para o Estatuto do Idoso, tendo como perspectiva os desafios que se mantêm no que tange à efetivação dos direitos preconizados. No artigo de Sandra Rabello, Andreia de Souza e Ana Paula Xavier (Universidade Aberta da Terceira Idade/UERJ), vemos que a demência impacta não apenas o idoso, mas também seus familiares, que acabam se tornando os cuidadores dessa pessoa.
Cristiane Branquinho (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) descreve a atuação do MPRJ no combate à violência contra o idoso, além de resultados do Disque 100 (serviço de telefone do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que recebe denúncias de violações de direitos humanos), que mostra que em 2017 o serviço recebeu 33.133 denúncias de violência contra a pessoa idosa. O quarto, e último, artigo é de Sueli Murat (delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade), que apresenta as atividades da DEAPTI, e mostra o trabalho de conscientização e aproximação realizado pela delegacia, além dos projetos sociais com o foco na diminuição da violência contra o idoso.
As informações divulgadas no Dossiê têm como fonte o banco de dados dos registros de ocorrência da Secretaria de Estado de Polícia Civil.