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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Polêmica sem fim

CSN - 20 anos da privatização

Duas décadas depois da privatização da CSN – símbolo do processo industrial no país – o modelo adotado para transferir a administração da siderúrgica à iniciativa privada ainda provoca controvérsias. Vendida em 1993, em abril – mês de sua fundação –, a CSN, que nesta terça-feira (9), completa 72 anos de fundação, passou por uma profunda transformação neste período. Saneada ainda quando estatal, num processo turbulento comandado pelo engenheiro Roberto Procópio Lima Netto, a empresa financeiramente falida e politicamente loteada se transformou numa das mais competitivas e lucrativas do setor no mundo.

Se para Volta Redonda a privatização teve custos elevados, notadamente sociais, não se pode negar que trouxe benefícios: com os impostos que passou a pagar o orçamento do município saltou de R$ 160 milhões, em 1996, para os quase R$ 800 milhões previstos para 2013. O rompimento do cordão umbilical que a ligava à CSN fez Volta Redonda amadurecer e buscar alternativas para sua economia. Mas é um exagero pensar que a cidade já não depende mais da CSN.

O grau de dependência é menor, mas ainda é consideravelmente alto, o que é absolutamente normal diante da grandeza da siderúrgica. Recentemente, o prefeito Antônio Francisco Neto, ao prever dificuldades financeiras para o município no decorrer deste ano, apontou justamente a queda da arrecadação advinda da CSN como o principal motivo. A preocupação com uma possível compra da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico) pela CSN, com o risco de esvaziamento de unidades em Volta Redonda, também evidencia a importância da siderúrgica.

Na semana passada, o FOCO REGIONAL  ouviu alguns personagens históricos da época da privatização e a conclusão é que, hoje, todos comungam que o modelo de venda não foi o mais adequado, embora a desestatização fosse irreversível.

Isso se deu, ressaltam, porque à época o debate ficou restrito ao campo ideológico, sem apresentar formas compensatórias com a privatização da "grande mãe da família siderúrgica". Assim, os que à época pensaram ter adquirido apenas uma fábrica de aço descobriram, logo depois, que tinham se tornado também donos de terras, hospital e de escola técnica, entre outros patrimônios que nada têm a ver com siderurgia.

A venda de todo o patrimônio da companhia volta e meia surge no noticiário local quando o tema é a inexistência de espaços destinados a novos investimentos na cidade. O preço mínimo fixado para a venda também é motivo, até hoje, de controvérsias.

O leilão da CSN na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro foi o segundo (o primeiro foi o da Usiminas) de uma empresa do grupo Siderbrás, holding que reunia as siderúrgicas estatais do país. Realizado sob calorosos protestos em 2 de abril de 1993, uma sexta-feira, o leilão precisou ficar em aberto até a segunda-feira seguinte. E só foi concluído porque o governo recomendou à Vale, através de sua subsidiária Docenave, que comprasse mais uma parcela de ações.

Isoladamente, por sinal, a aquisição fez da Docenave, na época, a maior controladora da siderúrgica de Volta Redonda. O grupo Vicunha, do empresário Benjamin Steinbruch, que acabou se tornando o controlador da companhia, saiu do leilão com 9,1% das ações.

A CSN foi vendida no governo Itamar Franco (1992-1995), quando a empresa era presidida por seu ex-diretor de Operações, Sebastião Faria.

A reportagem que você confere a seguir, nas páginas 8, 9, 10 e 11 traz depoimentos inéditos e surpreendentes sobre a privatização, concedidos por Lima Netto, Faria, Paulo Baltazar (à época prefeito de Volta Redonda) e Luiz de Oliveira Rodrigues, o Luizinho, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, além de Luiz Albano, dirigente da mesma entidade. O apoio do sindicato contribuiu para que o projeto de desestatização se efetivasse.

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