Rádio Acesa FM VR: Carta pode mudar rumo das investigações Barra do Piraí

terça-feira, 2 de abril de 2013

Carta pode mudar rumo das investigações Barra do Piraí

Uma carta apresentada ontem (01) por Simone de Oliveira, de 39 anos, mãe de Suzana do Carmo de Oliveira Figueiredo, de 22 anos, pode mudar a linha de investigação policial a respeito do assassinato contra o menino João Felipe Eiras Santana Bichara, cometido no último dia 25 de março e confessado pela manicure. Ele morreu por asfixia no Hotel São Luiz, no Centro de Barra do Piraí.

Na carta - que, na verdade, são quatro folhas soltas dentro de um caderno -, Suzana escreve toda a trajetória do crime que ela praticaria contra o menino. Ela detalha que pegaria João Felipe na escola e, depois, o levaria até o hotel.

Outro fato que chamou a atenção do delegado titular da 88º DP, José Mário Salomão Omena, foi que Suzana pretendia pedir um resgate aos pais do garoto, os empresários no ramo imobiliário Heraldo Bichara Filho e Aline Eiras Santana Bichara, no valor de R$ 300 mil.

- Não afasto a hipótese da motivação do crime ter, neste contexto, o fator emocional. O que eu vislumbro, agora, com essa carta escrita por Suzana, é que ela não tinha só um objetivo, mas vários: poderia, em toda essa tragédia, ter a intenção de pedir resgate à família de João Felipe, mas, quando entra no hotel, onde executa do menino e sai com a criança no colo, não tenho dúvida de que ela não pretendia entregar esse menino vivo aos seus pais. Mesmo que ela pedisse resgate ou qualquer coisa do gênero, a intenção dela era mesmo executar João Felipe. Mesmo porque, com o pedido de resgate, ela poderia ser descoberta, já que a criança a conhecia - disse o delegado.

Na carta, Suzana faz contas das dívidas que pagaria com os 300 mil reais. Pelos cálculos dela, sobrariam ainda R$ 299 mil.

- Este é mais um indício de que Suzana estava sozinha nessa empreitada criminosa. Essa carta descreve alguns passos da forma como ela executou o crime - disse o policial.

O delegado tem apenas três dias, a partir de hoje, para concluir o inquérito policial e remetê-lo ao Ministério Público Estadual. Segundo o policial, por se tratar de réu, o Código Processual Penal Brasileiro estipula prazo de dez dias para a conclusão do documento.

José Mário Omena indiciou Suzana por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, já que a criança foi encontrada morta dentro de uma mala na casa dela, na Rua Cristiano Otoni, no Centro. Ainda de acordo com o delegado, devido à carta cita o valor de um eventual resgate, o MP - que vai denunciar ou não a acusada - poderá entender que houve também extorsão mediante sequestro.

Depoimento
Simone de Oliveira, ao depor, falou dos relacionamentos conturbados da filha. O atual companheiro de Suzana é um homem conhecido como Igor, que trabalha em Três Rios.
- Minha filha saiu de casa quando tinha 16 anos, em 2007, e foi morar com Igor. Os dois se conheceram na escola.

O relacionamento, porém, não deu certo, e ela foi morar com outro homem, voltando a se separar pouco depois. Suzana reatou com Igor, com quem se encontrava a cada 15 dias, mas mantinha um relacionamento com o camelô Maicon Santiago Olímpio, de 26 anos, que também depôs na segunda-feira, na 88ª DP. A mãe disse que a filha mantinha, ao mesmo tempo, um outro relacionamento com um homem conhecido como "Coroa" - que ela não chegou a conhecer o verdadeiro nome -, que a sustentava com roupas e bolsas.

Simone informou que Suzana nunca deu muitos detalhes sobre esse relacionamento. A manicure chegou a comentar com a mãe que tinha feito amizade com os patrões dela.

Segundo o policial, os patrões citados pela depoente eram Aline e Heraldo Bichara. José Mário Omena também tomou, no mesmo dia, o depoimento de Maicon, que teria sido enganada pela manicure com a informação de que ela teria terminado seu outro relacionamento. Por isso, o camelô passou a fazer as despesas da casa dela.

- Quando Igor chegava em Barra do Piraí, Suzana dizia a Macon que ela iria visitar a mãe, ficando sozinha em casa com Igor. Ela dizia a Macon que não o levaria à casa de sua mãe porque ela não gostava de negros - disse o delegado.

Maicon disse no depoimento que terminou o relacionamento ao perceber o comportamento diferente dela quando ele começou a ficar sem dinheiro. Ao delegado, o camelô relatou que Suzana considerava João Felipe insuportável. Ela frequentou a casa dos pais do menino por três anos, como manicure de Aline.

Detalhes
Ainda de acordo com Maicon, Suzana contava para ele que o pai do menino, Heraldo Filho, a assediava, mas que ela nunca teve qualquer relacionamento com ele. Ela Acrescentou que o casal viveria um casamento apenas de aparência.

Na opinião do delegado tanto Maicon quanto Igor não sabiam dos planos de Suzana. O policial está tentando localizar Igor para depor, mas já adiantou que seu depoimento não deverá pesar muita coisa nas investigações.


Heraldo, o pai de João Felipe, deverá depor às 10hs desta terça-feira. Ele nega qualquer tipo de envolvimento amoroso com a manicure. Aline já depôs na última quinta-feira, e disse desconhecer qualquer envolvimento do marido com Suzana, que considerava como amiga confidente. 

Quem também compareceu hoje (01) à unidade policial foi o taxista Rafael Fernando, que pegou o menino no Colégio Nossa Senhora Medianeira a pedido da acusada.


Rafael foi informado de que a voz que ele ouviu no dia do crime, pedindo para devolver uma criança, não era direcionada a Suzana, mas sim de uma vizinha falando com sua filha.

Possível gravidez

Além da carta, a mãe de Suzana, Simone de Oliveira, entregou ao delegado um ultrassom. O exame estava entre os pertences da acusada, e indicava uma gestação de cinco meses.

- O ultrassom estavam em nome de outra pessoa, mas Suzana poderia ter inventado outro nome quando fez o exame. Vou conversar com o médico responsável, e caso ele não queira falar sobre o assunto, pedirei à Justiça a quebra do sigilo médico. Fui informado que Suzana fez um aborto há cerca de três meses, embora ela alegasse que nunca ficou grávida - disse o delegado.

No dia do crime, Suzana também ligou insistentemente para Aline, convidando-a para irem juntas a Volta Redonda, onde ambas faria um exame de sangue, podendo fazer parte do plano da manicure para matar a empresária - ou, até mesmo, criar um álibi para que não desconfiassem dela quando sequestrasse João Felipe.

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