Você sabe o que significa ‘estar ruim da bola’?
VOCÊ SABE…
…o que significa “estar ruim da bola”?
Se você imaginou que eu estaria disposto a falar do atual estágio do futebol brasileiro, enganou-se. Não preciso “estar ruim da bola” para perceber que os nossos “craques”, no momento, andam meio “ruins de bola”. Mas…isso é um outro problema.
Não quero falar da bola bola, do esférico como dizem nossos irmãos portugueses. A “bola” a que estou fazendo referência é a cabeça. “Ruim da bola” é uma expressão de gíria muito antiga, que significa “estar ruim da cabeça, meio louco, meio tonto, meio bobo”.
E aqui é que está a surpresa. Segundo o jornalista, antropólogo e pesquisador J.B.Serra e Gurgel, autor do ótimo e seriíssimo Dicionário de Gíria, a palavra “bola” aparece registrada como gíria, ou seja, significando “cabeça”, em 1712.
Segundo o mesmo dicionário, existem várias expressões de gíria ainda conhecidas hoje que nasceram num passado muito distante. Vejamos alguns exemplos com sua data de registro:
1759 – cara de lua cheia, cara de fuinha, franzina, fedelho, festa de arromba, levar uma tunda, nariz de cera, ninharia, sonso, zorra…
1903 – cantar (conquistar com galanteios), canudo (diploma), enrabichar (apaixonar-se), galinha (mulher sapeca), gostosa (mulher bonita), lábia (astúcia), sapeca (namoradeira)…
1912 – dar um beiço (não pagar), bobo (relógio), mina (mulher), otário (bobo), patota (grupo), pisante (sapato), talagada (gole de aguardente), zoeira (barulho)…
1920 – bocó (palerma), cafundó (lugar muito retirado e deserto), jururu (triste), pamonha (pessoa apalermada), pancada (maluco), pileque (bebedeira), sabão (repreensão)…
1953 – abacaxi (coisa que só dá trabalho), birosca (tendinha ordinária), dar o maior bode (problemão), gaita (dinheiro), leão de chácara (vigia, segurança), tapado (estúpido), uva (mulher bonita), xaropada (coisa enfadonha)…
1959 – barbada (jogo fácil), calhambeque (carro velho), cambito (pernas finas), galinhagem (libertinagem), jujuba (bala de goma), parrudo (forte, gordo), xodó (predileção amorosa)…
O mais incrível é tomar consciência de que palavras que povoaram minha juventude não eram tão jovens como eu imaginava.
A verdade é que muitas palavras e expressões usadas hoje em dia como gíria “atual” foram criadas por nossos avós.
DICA DE CONCORDÂNCIA
Com o verbo CUSTAR:
É unipessoal. Só deveria ser usado na 3a. pessoa do singular.
“Francamente, CUSTEI a me acostumar e até achei o conjunto um pouco feio.” Embora usual, essa forma não segue rigorosamente a tradição gramatical. O correto seria “custou-me”, mas isso não é comum na fala dos brasileiros. Podemos substituir por outras formas: “Francamente, FOI DIFÍCIL eu me acostumar …”
Não esqueça que, quando o sujeito for “oracional”, o verbo deve concordar no singular: “CUSTOU-me perceber a verdade”; “CUSTA a nós aceitar essas condições”; “No Vestibular, BASTA conseguir três mil pontos”; “É NECESSÁRIO convocar onze craques para poder sonhar com a Copa”.
CRÍTICAS DOS LEITORES
“Cheques sem fundo” e “Vale à pena”.
O nosso sempre atento leitor tem razão mais uma vez.
O cheque é sem fundos. Fundo se refere à profundidade: “Era possível ver o fundo do mar”. Quando nos referimos a “bens, dinheiro, reservas”, aí estamos falando de fundos.
Alguma coisa só vale a pena se for sem o acento grave indicativo da crase. O verbo valer é transitivo direto, isto é, não exige preposição. Isso significa que a crase é impossível. Temos apenas o artigo definido “a”. Vale a pena da mesma forma que vale o sacrifício.
DESAFIO
Que significa trimensal?
a) três vezes no mês;
b) de três em três meses;
c) de seis em seis meses.
Resposta:
Letra (a) = tri (=três) + mensal (=por mês).
De três em três meses é trimestral; e de seis em seis meses é semestral.
DÚVIDA DO LEITOR
“Posso construir uma frase colocando a conjunção no final, como em ‘…estava magoado, entretanto”? E se a linguagem fosse poética, poderia?”
É claro que pode. Nada contra.
A crítica que poderíamos fazer é contra certo vício que, volta e meia, ouço por aí. É a desgraça do “no entretanto”, que deve ser uma mistura de entretanto com no entanto. Mistura inaceitável, embora sejam conjunções adversativas. São sinônimas de “mas, porém, contudo, todavia”.
VOCÊ SABE…
…o que significa “estar ruim da bola”?
Se você imaginou que eu estaria disposto a falar do atual estágio do futebol brasileiro, enganou-se. Não preciso “estar ruim da bola” para perceber que os nossos “craques”, no momento, andam meio “ruins de bola”. Mas…isso é um outro problema.
Não quero falar da bola bola, do esférico como dizem nossos irmãos portugueses. A “bola” a que estou fazendo referência é a cabeça. “Ruim da bola” é uma expressão de gíria muito antiga, que significa “estar ruim da cabeça, meio louco, meio tonto, meio bobo”.
E aqui é que está a surpresa. Segundo o jornalista, antropólogo e pesquisador J.B.Serra e Gurgel, autor do ótimo e seriíssimo Dicionário de Gíria, a palavra “bola” aparece registrada como gíria, ou seja, significando “cabeça”, em 1712.
Segundo o mesmo dicionário, existem várias expressões de gíria ainda conhecidas hoje que nasceram num passado muito distante. Vejamos alguns exemplos com sua data de registro:
1759 – cara de lua cheia, cara de fuinha, franzina, fedelho, festa de arromba, levar uma tunda, nariz de cera, ninharia, sonso, zorra…
1903 – cantar (conquistar com galanteios), canudo (diploma), enrabichar (apaixonar-se), galinha (mulher sapeca), gostosa (mulher bonita), lábia (astúcia), sapeca (namoradeira)…
1912 – dar um beiço (não pagar), bobo (relógio), mina (mulher), otário (bobo), patota (grupo), pisante (sapato), talagada (gole de aguardente), zoeira (barulho)…
1920 – bocó (palerma), cafundó (lugar muito retirado e deserto), jururu (triste), pamonha (pessoa apalermada), pancada (maluco), pileque (bebedeira), sabão (repreensão)…
1953 – abacaxi (coisa que só dá trabalho), birosca (tendinha ordinária), dar o maior bode (problemão), gaita (dinheiro), leão de chácara (vigia, segurança), tapado (estúpido), uva (mulher bonita), xaropada (coisa enfadonha)…
1959 – barbada (jogo fácil), calhambeque (carro velho), cambito (pernas finas), galinhagem (libertinagem), jujuba (bala de goma), parrudo (forte, gordo), xodó (predileção amorosa)…
O mais incrível é tomar consciência de que palavras que povoaram minha juventude não eram tão jovens como eu imaginava.
A verdade é que muitas palavras e expressões usadas hoje em dia como gíria “atual” foram criadas por nossos avós.
DICA DE CONCORDÂNCIA
Com o verbo CUSTAR:
É unipessoal. Só deveria ser usado na 3a. pessoa do singular.
“Francamente, CUSTEI a me acostumar e até achei o conjunto um pouco feio.” Embora usual, essa forma não segue rigorosamente a tradição gramatical. O correto seria “custou-me”, mas isso não é comum na fala dos brasileiros. Podemos substituir por outras formas: “Francamente, FOI DIFÍCIL eu me acostumar …”
Não esqueça que, quando o sujeito for “oracional”, o verbo deve concordar no singular: “CUSTOU-me perceber a verdade”; “CUSTA a nós aceitar essas condições”; “No Vestibular, BASTA conseguir três mil pontos”; “É NECESSÁRIO convocar onze craques para poder sonhar com a Copa”.
CRÍTICAS DOS LEITORES
“Cheques sem fundo” e “Vale à pena”.
O nosso sempre atento leitor tem razão mais uma vez.
O cheque é sem fundos. Fundo se refere à profundidade: “Era possível ver o fundo do mar”. Quando nos referimos a “bens, dinheiro, reservas”, aí estamos falando de fundos.
Alguma coisa só vale a pena se for sem o acento grave indicativo da crase. O verbo valer é transitivo direto, isto é, não exige preposição. Isso significa que a crase é impossível. Temos apenas o artigo definido “a”. Vale a pena da mesma forma que vale o sacrifício.
DESAFIO
Que significa trimensal?
a) três vezes no mês;
b) de três em três meses;
c) de seis em seis meses.
Resposta:
Letra (a) = tri (=três) + mensal (=por mês).
De três em três meses é trimestral; e de seis em seis meses é semestral.
DÚVIDA DO LEITOR
“Posso construir uma frase colocando a conjunção no final, como em ‘…estava magoado, entretanto”? E se a linguagem fosse poética, poderia?”
É claro que pode. Nada contra.
A crítica que poderíamos fazer é contra certo vício que, volta e meia, ouço por aí. É a desgraça do “no entretanto”, que deve ser uma mistura de entretanto com no entanto. Mistura inaceitável, embora sejam conjunções adversativas. São sinônimas de “mas, porém, contudo, todavia”.
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